domingo, 22 de janeiro de 2017

De onde partir para os dias?*


back in 1995 
we thought we were standing on the threshold 
to the end of time 
(and we still do)
so what’s wrong with living in the past? 


[*miguel cardoso, víveres


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Ask me tomorrow


não sei como falar-te de coisas simples
inventaram um novo boletim meteorológico e já é
possível medir a temperatura das mãos mapear a rosa o frio
e o calor por entre vincos sinais de nascença e linhas de vida
a minha boca alinhada com a tua pode querer dizer muita coisa
por exemplo um anticiclone no atlântico das tuas costas ou no meridiano a sul dos teus olhos
dizem que os lagos vão congelar nos próximos dias e que será
possível as aves migratórias os levarem para outros continentes
troco os meus lagos de água doce pelos teus de água salgada queres?
eu queria contigo uma casa nos Pirinéus se fosse possível mudá-los para
o fim da minha rua
chegar-lhes ao topo como quem cresce na combustão ou degelo de outro corpo
queria falar-te de coisas simples
porque é possível decifrar o alfabeto grego ou árabe os caracteres chineses
dedilhar um alfa ou beta nas margens crispadas dos teus seios
antever a formação de ondas como quem enrola finos fios de cabelo
fala-se tanto do aquecimento global do planeta e as mãos continuam frias
como é possível não trazer os trópicos na ponta dos dedos?
eu queria contigo uma expedição ao Ártico
 tu e eu a desafiar a gravidade todos os planos
infinitos e espirais de via láctea
eu queria falar-te de coisas simples
mas o teu toque o teu toque
é já o toque de um estranho
e nós os dois
nós os dois
a sós
num quarto
com vento a nascer
de leste


                            Where is the hand that I held?


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

I remember


I remember the tone the sunlight made
reflecting as it did

that first breath of late night morning aim
the feeling that here was anywhere
and anywhere was kind
plumes of smoke funnel overland and meet us there
as though our late night tales joined to feed our breathing
and each breath kept golden remnants of a fireside tale inside
safe but boundless

to hang like bubbles over us with each completed breath
not born or dying, but reassembling the very air
a ceiling to our meaning, or spring for new sounds to bound from
no essential measure of beginning or belief
no escape and no relief, but safe
safe as shapeless
shapeless on a turning wheel of casting possibilities that change the wheel
the tick becomes imagined and steel to silk




quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

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Fala-me de peixes e da sua respiração debaixo de água

Ou fala-me dos teus olhos da praia onde a lonjura das mãos são corais

O corpo coberto de algas velcro verde e viscoso

Fala-me disso das areias que se guardam na dobra da pele
–os teus olhos são verdes, ou não?.
faz frio. Juro que sim. mas olha, desenha-me círculos que eu não sei
e no fim conto os dedos das mãos e subtraio os teus somados aos meus
mas não te esqueças fala-me de peixes